Por Renato
Petry Leal – biólogo
Ainda não se viu retrocesso na manobra deletéria
intentada contra o patrimônio natural da região tendo como alvo o Horto
Florestal ou Reserva Florestal Balduíno Rambo. Vergonha. Não ter capacidade ou
intencionalidade para o uso adequado do bem comum não significa poder destruir
o patrimônio de presentes e futuras gerações. Arquiteta-se o maior crime
ambiental da atualidade em nossa região. As mortandades de peixes no Rio dos
Sinos, que tanta comoção causaram, são muito pouco se comparadas ao desmembramento
e transformação de algo que não oferecerá condições de recuperação. Por menos
que se prometa destruir agora, sabe-se, com certeza, que este seria o pontapé
inicial para a deterioração da área. Existem grupos que se consideram ilhas no
universo humano. Não o são! São apenas pequena parcela do todo muito maior e
mais importante. Nesse sentido, em 1979, na Campanha da Fraternidade, a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil desenvolveu o tema Preserve o que é de todos. Trata-se de
superar o egoísmo, a ganância de possuir mais a qualquer preço. Trata-se de ser
escrupulosamente preocupado em preservar e conservar o ar, a água, a flora e a
fauna que são elementos necessários ao próximo. Trata-se de readquirir o
carinhoso respeito e a contemplativa admiração face às belezas da natureza. É
exatamente o que devemos fazer pois a reserva pertence a todos. Os nomes de
Henrique Roessler e Balduíno Rambo são frequentemente utilizados por pessoas
que não acreditam neles, que estão se lixando para os seus ensinamentos. Querem
somente se promover à custa de seu prestígio, este sim merecido. Está na hora
dessas pessoas que só querem promoção pararem de utilizar seus nomes. Na
faculdade tive um professor de botânica, Pe. Aluísio Sehnen, do qual me
considerei amigo, pessoa de alta moral, bondade, cultura e inteligência,
jesuíta de escola, respeitadíssimo em seu meio. Companheiro de Balduíno Rambo
em várias de suas andanças pelo estado, herdeiro de seu herbário e do seu
famoso jipe. Mesmo após eu me formar conversávamos sobre variados assuntos,
entre esses, o Horto Florestal. Explicou-me sua importância e a necessidade de
preservá-lo incólume. Era defensor ainda da preservação da mata do Daniel, na
Sharlau e do matinho do Padre Réus, último reduto de mata original no centro de
São Leopoldo. Muito lutei, assim como os outros, por sua manutenção, que veio a
ocorrer graças à cultura e inteligência de Telmo Lauro Müller e Nelson Moelecke
que abdicaram da construção do Museu Histórico naquele local. Depois disso tudo
eu fico pensando, será que não se fazem mais homens como antigamente?
Prevalecerá o bom senso ou o descaso egoísta?