Mata viva na cidade

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sábado, 17 de setembro de 2011

Luta pela integridade do Horto Florestal


Lamentavelmente, não se encontra mais hoje dirigentes públicos como antigamente. Outro dia, relembraram o episódio da Legalidade, conduzido brilhantemente por Leonel Brizola. Na época ele levantou o Rio grande em defesa da Constituição brasileira. Venceu porque a causa era justa, o povo e o exército apoiaram a ação de Brizola. As boas causas costumam ganhar logo muitos adeptos fervorosos, dispostos a lutar e, se preciso, morrer pela causa.
As pessoas lutam pelo que acreditam, lutam pelo bem comum. Agora, na África do Norte, o povo se insurgiu contra a tirania de ditadores sanguinários, há décadas no poder. O povo venceu porque a causa era justa. Lembro esses episódios diante de uma situação local, que nós ambientalistas julgamos injusta, inaceitável. Trata-se da alienação de uma área nobre do Horto florestal que leva o nome ilustre do Padre Rambo e está sob ameaça de retaliação de uma parte significativa: 55 há. Além de ser um patrimônio natural de valor inestimável, sua existência se deve a decisões tomadas há mais de cinquenta anos. Um nome ilustre que se liga à criação daquela área é o do ex-senador e ministro do Supremo, Paulo Brossard. Notável magistrado político de destaque por muitos anos, ele foi o responsável, através de um parecer jurídico na Assembléia Legislativa, que evitou que a área fosse fracionada para construção de habitações e geração de grandes lucros por empresas no ramo da construção. Mesmo assim, parte da área já foi entregue para construção da Unisinos. Tudo bem, finalidade nobre, educação e ensino. Mas não podemos esquecer que o Horto é uma unidade de preservação ambiental, protegida por lei, trata-se de um espaço sagrado de propriedade do povo do Rio Grande. Não pode ser alienado em hipótese alguma, muito menos trocado por outra área, talvez no Amazonas, Pará ou Mato Grosso. Sabe-se que o objetivo real é derrubar planta e fazer obra.
Ambientalistas calejados na luta estão se posicionando para evitar que cometam mais um crime ambiental, comum hoje em dia. Em Sapucaia, Odi Silva e sua ONG, juntamente com Míriam Colombo, ex-secretária do meio-ambiente daquela cidade, Renato Petry Leal do Zoológico, Jorge Dupont, da Zoobotânica e outros de São Leopoldo, Mário Linck entre outros.
Dia 21 deste mês está marcado um encontro na periferia do Horto, na Vila Duque, para protestar formalmente contra este crime ambiental que pretendem cometer pessoas que por dever de ofício deveriam evitar este tipo de ação.
Dizem os estudiosos que o mundo deverá enfrentar três severas crises nos próximos anos: falta de água, comida e energia. O que os nossos governantes estão fazendo para enfrentar estas crises? Comida parece que vai ter, e a água? Fonte da vida e da saúde pública?
E a população continua aumentando livre, leve e solta. É o caso do elevador que cai do décimo andar, até bater no chãonada acontece. Quem viver verá!


por Ion Trindade - publicado no Jornal VS de 17/09/2011

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