Mata viva na cidade

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Reserva Florestal


Por Renato Petry Leal – biólogo

Ainda não se viu retrocesso na manobra deletéria intentada contra o patrimônio natural da região tendo como alvo o Horto Florestal ou Reserva Florestal Balduíno Rambo. Vergonha. Não ter capacidade ou intencionalidade para o uso adequado do bem comum não significa poder destruir o patrimônio de presentes e futuras gerações. Arquiteta-se o maior crime ambiental da atualidade em nossa região. As mortandades de peixes no Rio dos Sinos, que tanta comoção causaram, são muito pouco se comparadas ao desmembramento e transformação de algo que não oferecerá condições de recuperação. Por menos que se prometa destruir agora, sabe-se, com certeza, que este seria o pontapé inicial para a deterioração da área. Existem grupos que se consideram ilhas no universo humano. Não o são! São apenas pequena parcela do todo muito maior e mais importante. Nesse sentido, em 1979, na Campanha da Fraternidade, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil desenvolveu o tema Preserve o que é de todos. Trata-se de superar o egoísmo, a ganância de possuir mais a qualquer preço. Trata-se de ser escrupulosamente preocupado em preservar e conservar o ar, a água, a flora e a fauna que são elementos necessários ao próximo. Trata-se de readquirir o carinhoso respeito e a contemplativa admiração face às belezas da natureza. É exatamente o que devemos fazer pois a reserva pertence a todos. Os nomes de Henrique Roessler e Balduíno Rambo são frequentemente utilizados por pessoas que não acreditam neles, que estão se lixando para os seus ensinamentos. Querem somente se promover à custa de seu prestígio, este sim merecido. Está na hora dessas pessoas que só querem promoção pararem de utilizar seus nomes. Na faculdade tive um professor de botânica, Pe. Aluísio Sehnen, do qual me considerei amigo, pessoa de alta moral, bondade, cultura e inteligência, jesuíta de escola, respeitadíssimo em seu meio. Companheiro de Balduíno Rambo em várias de suas andanças pelo estado, herdeiro de seu herbário e do seu famoso jipe. Mesmo após eu me formar conversávamos sobre variados assuntos, entre esses, o Horto Florestal. Explicou-me sua importância e a necessidade de preservá-lo incólume. Era defensor ainda da preservação da mata do Daniel, na Sharlau e do matinho do Padre Réus, último reduto de mata original no centro de São Leopoldo. Muito lutei, assim como os outros, por sua manutenção, que veio a ocorrer graças à cultura e inteligência de Telmo Lauro Müller e Nelson Moelecke que abdicaram da construção do Museu Histórico naquele local. Depois disso tudo eu fico pensando, será que não se fazem mais homens como antigamente? Prevalecerá o bom senso ou o descaso egoísta?

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